“Diante da barbárie instalada e da descarada ação autoritária do Estado brasileiro nas manifestações, muitos têm utilizado a expressão “Estado de exceção”, indicando o risco da naturalização de práticas que desconsideram o ordenamento jurídico estabelecido e os princípios de um suposto “Estado de direito”, que teria substituído a ditadura militar.
Compreendemos a intenção daqueles que assim procedem no justificado intuito de defesa da ordem constitucional, de princípios elementares na defesa dos direitos humanos e de práticas, digamos, civilizadas. Há, no entanto, um risco que reside no fato de supor que existe uma forma, considerada virtuosa, que consiste no respeito formal das regras e procedimentos, sendo os “desvios” apenas anomalias que, se controladas, tudo funcionaria bem. Infelizmente, a realidade da sociedade brasileira parece provar que a exceção é a regra.”