1. A hiperexposição de tudo que pensamos, sentimos, imaginamos, no tempo real das redes sociais, blogs etc., obriga a poesia a procurar outra coisa para fazer? Se não, por que a poesia não se confunde com isso? Se sim, que outra coisa seria essa?
Poesia é poesia sob qualquer circunstância (inclusive, diante dos novos meios). O que importa é a fatura – o texto bem realizado em forma e conteúdo; com força sintática e semântica.
2. A dificuldade para encontrar o tal lugar da poesia no mundo leva os poetas a “em vão e para sempre repeti[rem] os mesmos sem roteiro tristes périplos”?
O lugar da poesia é o lugar do poeta, ou seja, a sociedade onde ele vive e a língua na qual se expressa.
3. O poeta continua a ser um fingidor e a poesia, um “fingimento deveras”?
O poeta não é apenas aquele “fingidor” pessoano, mas talvez, até mais, um jogador que arrisca e aposta alto na linguagem.
4. “Tenho que dar de comer ao poema./ Novas perturbações me alimentam:/ Nem tudo o que penso agora/ Posso dizer por papel e tinta”. Do que seus poemas têm fome?
Fome de forma.
5. Indique UM poema que lhe parece, hoje, especialmente fazer todo o sentido. Por quê?
“O artista inconfessável” de João Cabral. Porque “entre fazer e não fazer/ mais vale o inútil do fazer”.